Elon Musk anuncia novo partido político nos EUA. "Ele vai te devolver a liberdade"

Enquanto os americanos comemoravam o Dia da Independência em 4 de julho, Elon Musk perguntou aos internautas se eles apoiavam a criação de um novo partido político nos Estados Unidos.

“O Dia da Independência é o momento perfeito para perguntar se você quer independência do sistema bipartidário (alguns diriam unipartidário). Deveríamos criar um Partido da América?”, escreveu ele na plataforma X (antigo Twitter) que ele possui.

Na pesquisa que ele organizou, a maioria (65,4%) dos quase 1,25 milhão de votos foi para o "sim". O multimilionário comentou os resultados no sábado.

"Por uma votação de 2 a 1, vocês querem um novo partido político e vão conseguir!", escreveu ele no X. "Quando se trata de levar nosso país à falência por meio de desperdício e corrupção, vivemos em um sistema de partido único, não em uma democracia", avaliou.

“Hoje, o Partido da América está sendo formado para devolver a liberdade a vocês”, declarou Elon Musk, sem dar mais detalhes.

A decisão de criar o Partido América foi anunciada depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou o One Big Beautiful Bill Act, que cumpre algumas de suas promessas de campanha, incluindo corte de impostos, redução de gastos sociais e aumento de financiamento para combater a imigração ilegal.

O projeto de lei recebeu o apoio do Congresso - em 1º de julho, o Senado o adotou por 51 votos a 50 (o vice-presidente JD Vance deu o voto decisivo) e, em 3 de julho, da Câmara dos Representantes (218 votos a favor, 214 contra).

A maioria dos republicanos apoiou o projeto de lei proposto por Trump — três dissidentes no Senado (Thom Tillis, Rand Paul e Susan Collins) e dois na Câmara dos Representantes (Brian Fitzpatrick e Thomas Massie).

Trump considerou a aprovação do projeto de lei pelo Congresso seu maior sucesso. Reservas contra o "grande e belo projeto de lei" foram levantadas não apenas por políticos do Partido Democrata, que votaram pela rejeição do projeto no parlamento, mas também por alguns republicanos. Alguns críticos duvidavam dos cortes no programa de assistência social Medicaid, enquanto outros temiam um novo aumento no déficit americano.

O presidente dos EUA, Donald Trump, sancionou o projeto de lei de cortes de impostos e redução de gastos em 4 de julho na Casa Branca

Foto: Alex Brandon/Pool via REUTERS

Um dos oponentes do projeto de lei era Elon Musk, que gastou centenas de milhões de dólares na campanha eleitoral de Trump e, após a vitória deste, tornou-se chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), cujo objetivo era reduzir regulamentações desnecessárias, eliminar empregos governamentais redundantes e economizar trilhões para o orçamento federal. A missão de Musk como "funcionário especial do governo" terminou após 130 dias.

Elon Musk e Donald Trump se separaram, e sua disputa se tornou pública. O CEO da Tesla chamou o "belo projeto de lei" do presidente de "abominação repugnante" que levará a um aumento significativo no déficit orçamentário . O bilionário argumentou que a aprovação do projeto de lei levaria a um aumento no déficit "dos já insanos US$ 2 trilhões sob a presidência de (Joe - ed.) Biden para US$ 2,5 trilhões", o que, em sua opinião, levaria os Estados Unidos à falência. Musk também criticou Trump por sua suposta "ingridão" após a eleição de 2024, se pronunciou a favor do apoio ao pedido de impeachment de Trump e até sugeriu que o nome do atual presidente estava nos chamados arquivos Epstein, o que seria a razão pela qual o governo Trump não está divulgando documentos relacionados a este escândalo (ele posteriormente retirou essa alegação).

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o homem mais rico do mundo, Elon Musk

Foto: REUTERS/Kevin Lamarque

Nos últimos dias, a disputa entre Musk e Trump se intensificou novamente. O empresário ameaçou fundar um novo partido político, e o presidente alertou que as empresas de Musk poderiam perder bilhões em subsídios.

A Reuters informou que os republicanos expressaram preocupações de que os conflitos em andamento de Musk com Trump poderiam prejudicar suas chances de manter a maioria após a próxima eleição.

Em 2026, os Estados Unidos realizarão eleições (as chamadas eleições de meio de mandato), durante as quais serão eleitos toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado. Questionado se planeja realizar a ação durante as próximas eleições ou em 2028, Elon Musk respondeu no X que está pensando no próximo ano.

“A maneira de quebrar o sistema de partido único é usar uma variante de como Epaminondas dissipou o mito da invencibilidade espartana em Leuctra”, escreveu ele, acrescentando que queria dizer usar “uma força extremamente concentrada em um local preciso no campo de batalha”.

Elon Musk durante visita à Casa Branca, foto de 30 de maio

Foto: REUTERS/Nathan Howard

Na sexta-feira, Elon Musk anunciou que, inicialmente, essa tática poderia consistir em apoiar os candidatos do Partido da América em duas ou três disputas para o Senado e de oito a dez disputas para a Câmara nas eleições para o Congresso de 2026. Dadas as diferenças mínimas na aprovação de leis, ele avaliou que "isso seria suficiente para ter uma votação decisiva em projetos de lei controversos, garantindo que estivessem alinhados com a verdadeira vontade do povo", disse ele.

Até o momento da publicação deste artigo, Elon Musk não havia apresentado os documentos necessários para registrar o novo partido.